Governo do Ceará vai instituir monitoramento eletrônico custeado por presos
Mumbai
A mensagem do Governo destaca ainda que “não há dúvida de que esses
recursos, pela grande soma que representam, fazem enorme falta em áreas
sensíveis e prioritárias à população cearense, como saúde e educação. Daí, nada
mais razoável do que o Estado compartilhar com o preso ou apenado os custos
decorrentes dos referidos equipamentos, retirando da população esse pesado
ônus”.
Ahmedabad
Foto: Reprodução
A Assembleia Legislativa aprovou nesta terça-feira (7) a mensagem do
Governo do Ceará que institui a cobrança a presos ou apenados pelo uso de
equipamentos de monitoramento eletrônico. A cobrança, no âmbito do sistema
penitenciário, será a título de compensação financeira. Para entrar em vigor, a
lei precisa ser sancionada pelo governador Camilo Santana. “Esse recurso será
reinvestido no sistema penitenciário. Essa lei tem um retorno social muito
grande, porque diminui os gastos e você pode melhorar as condições de vida do
interno que está dentro do sistema”, avalia o secretário da Administração
Penitenciária (SAP), Mauro Albuquerque.
A lei isenta o preso ou apenado sem condições financeiras de arcar com a
cobrança, desde que comprove à SAP que o respectivo pagamento privará ele e sua
família do mínimo necessário ao sustento. “Há critérios. Quem tem condições,
vai pagar, e quem não tem condições, será isento. Esses critérios são,
justamente, para que quem é assistido pela Defensoria Pública, não pague. E quem
estiver em estado de miséria comprovada também não vai pagar”, explica
Albuquerque.
Os recursos arrecadados serão destinados ao Fundo Penitenciário do
Estado do Ceará (Funpence). O valor a ser cobrado será definido em ato
normativo do titular da SAP e será baseado no custo total do Estado com a
aquisição e a manutenção de equipamentos de monitoramento eletrônico.
Progressão de pena
Apenas estão inseridos no projeto de lei os presos ou apenados
submetidos a monitoramento eletrônico pelo Poder Judiciário. O Ceará tem hoje
4.047 pessoas monitoradas por tornozeleiras eletrônicas, que ganharam o direito
de usar o equipamento por terem progredido sua pena para o regime semiaberto.
Os critérios são de decisão individual dos juízes, e normalmente seguem o tempo
legal de pena cumprida e o bom comportamento. “Na progressão, a pessoa já ia
para a rua e voltava. Então, havia dois problemas: de ir para a rua sem
fiscalização nenhuma e o fato de voltar para dentro do sistema para dormir à
noite. Estamos dando a oportunidade para ele realmente recomeçar”, diz Mauro
Albuquerque.
O titular da SAP destaca que o monitoramento eletrônico permite que
essas pessoas não precisem retornar às penitenciárias, pois são vigiadas em
tempo real pela SAP em parceria com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa
Social (SSPDS), o que gera resultados para a segurança como um todo. “O melhor
de tudo é que essas pessoas estão sendo fiscalizadas pelo Estado. Isso melhora
bastante a segurança, porque a gente sabe todo o trajeto delas. Inclusive,
temos hoje um dos índices mais baixos do País de reincidentes com
tornozeleiras”.
Economia e investimentos
O texto do Executivo justifica a medida pelo elevado custo anual do
Estado com esses equipamentos utilizados por pessoas em restrição de liberdade.
“Com a cobrança da tornozeleira, você diminui os custos e ainda ressocializa
aquela pessoa em condições de estar na rua, junto à sua família e trabalhando,
para dar esse retorno mínimo para o Estado e para a sociedade”, afirma Mauro
Albuquerque.
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Como funcionará
A cobrança será precedida da assinatura do termo de cessão e, pós a
comprovação de pagamento, o equipamento deve ser instalado no prazo de 24
horas. Durante o período em que estiver usando o equipamento, caberá ao preso
ou apenado conservá-lo em perfeitas condições e será responsabilizado em caso
de dano ou avaria. O não pagamento da cobrança acarretará a inscrição do
respectivo débito em dívida ativa, sujeita a execução judicial do responsável.
Governo do Ceará
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