Suspeitando de fraude, cerca de 50 universitários de Aurora temem não receber diplomas
Certidão
emitida sem sequer havido colação de grau e o contrato assinado por estudantes
que entraram no curso em 2016. (Foto: VC
Repórter)
Diante do sonho de concluir o Ensino Superior, um grupo com
cerca de 50 universitários da cidade de Aurora, na região do Cariri, iniciaram
os cursos semipresenciais em Ciências Contábeis e Pedagogia. Mais de um ano
após as aulas serem concluídas, os estudantes ainda não receberam seus diplomas
e temem que isso não possa acontecer. A instituição, que seria responsável pela
emissão, nega qualquer envolvimento com o caso.
O vestibular foi feito em abril de 2014, com previsão para
colação de grau e entrega dos diplomas em maio do ano passado. As aulas
aconteceram todos os terceiros finais de semana de cada mês na Escola Municipal
Romão Sabiá. O investimento de cada aluno girou em torno R$ 9 mil.
Segundo um dos concludentes, que pediu para não se
identificar, a coordenação do polo ficou por conta da professora Terezinha de
Jesus Frazão Lira, popularmente conhecida como Tereza de Marculino, que seria a
responsável por intermediar a relação entre os alunos e a Cardan, instituição
que emitiria os diplomas. Um contrato teria sido assinado pelos discentes e a
empresa de ensino.
Porém, sem prestar muitos esclarecimentos, os alunos foram
acolhidos pela Sapiens, mas sem firmar nenhum acordo formal com a instituição.
Pouco tempo depois, ainda sem qualquer motivo apresentado por Terezinha, a
Faculdade Kurios (FAK), de Maranguape, passou a ser responsável pela
diplomação.
“A FAK é reconhecida pelo Ministério da Educação, mas não para
ofertar curso semipresencial”, observou a concludente e vendedora, Amanda
Oliveira Amorim. “Sem os diplomas, estamos impossibilitados de exercer a
profissão”, completa.
“Procuramos a coordenadora de polo e exigimos dela um
contrato, mas ela disse que não teria contrato. A partir daquele momento seria
a palavra dela e todos deveriam acreditar. Muitos desistiram, mas outros
continuaram”, conta um dos concludentes que aguarda o diploma.
Uma certidão, com validade de um ano, foi entregue aos
concludentes, que teria sido emitida pela FAK em 29 de março de 2019. Nela,
informa que os alunos colaram grau no dia 28 de julho de 2018. No entanto, a
colação de grau nunca aconteceu. O próprio documento apresenta erro
ortográfico, escrevendo a palavra “Pedagogia” errada. Um histórico também foi
entregue com disciplinas que nunca foram cursadas e com a data de conclusão
incorreta.
Depois disso, uma série de datas para a cerimônia de
conclusão e entrega dos diplomas foram marcadas. A última estabelecida foi 11
de maio deste ano, mas nada aconteceu. Isso vem se arrastando desde agosto de
ano passado.
Em 2016, uma nova turma ainda entrou no decorrer do curso,
que, segundo um dos concludentes, teve que pagar quase R$ 4 mil, referentes aos
dois anos anteriores que já haviam sido cursados. O dinheiro foi depositado na
conta da coordenadora do polo, Terezinha, que alegou que já tinha pago a
instituição e que aquele valor seria para ressarci-la. “Ela nunca mostrou o
comprovante de que havia pago a instituição com o dinheiro dela”, conta o
estudante.
Por último, mais uma vez sem explicar os motivos, os alunos
foram apresentados a uma nova instituição que seria responsável pelo diploma: a
Universidade Brasil.
Contudo, o Diário do Nordeste entrou em contato com a
Universidade Brasil, através de sua assessoria de imprensa, que informou que a
instituição não firmou nenhum contrato e não tem qualquer vínculo com o polo
mencionado para registro de certificados ou diplomas.
A equipe de reportagem também tentou contato com Terezinha
Frazão ao longo da última semana. As ligações não foram atendidas. Por
aplicativo de mensagens, ela disse que estava viajando e quando retornasse,
entraria em contato. O motivo do contato foi esclarecido. Quatro dias depois,
tentamos novamente o contato, mas a professora não atendeu e também não
respondeu as novas mensagens.
Fonte: Diário do Nordeste