Câmara dos Deputados rejeita PEC do voto impresso
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Cleia Viana/Câmara dos Deputados
O plenário da Câmara dos Deputados rejeitou, por 229
votos favoráveis, 218 contrários e uma abstenção, a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 135/19, que torna obrigatório o voto impresso. Para que
fosse aprovada, a PEC precisava de, no mínimo, 308 votos em dois turnos de votação.
A matéria será arquivada.
“Eu queria, mais uma vez, agradecer ao plenário desta
Casa pelo comportamento democrático de um problema que é tratado por muitos com
muita particularidade e com muita segurança. A democracia do plenário desta
Casa deu uma resposta a esse assunto e, na Câmara, eu espero que esse assunto
esteja definitivamente enterrado”, disse o presidente da Câmara, deputado
Arthur Lira (PP-AL), ao encerrar a votação.
Discussão
Todos os partidos de oposição votaram contra a proposta.
Segundo o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição, os
parlamentares contrários à proposta evitaram se manifestar durante a votação
para acelerar o tempo de análise da proposta. “Foi correto que rechaçássemos
essa proposta porque seria um grave retrocesso no país. Não houve um caso de
fraude comprovada nos 25 anos de uso da urna eletrônica no país”, disse.
O deputado Carlos Sampaio, vice-líder do PSDB (SP), citou
que, em 2014, a sigla solicitou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma
auditoria nas urnas após a vitória de Dilma Rousseff, do PT, sobre o candidato
do PSDB, Aécio Neves. Segundo o parlamentar, novas resoluções da Corte
Eleitoral em 2019 deram mais transparência ao processo de votação.
“Tudo o que o nosso partido colocou na auditoria de 2014,
melhor, finalizada em 2015, constou dessa resolução. Pode não agradar grande
parte dos que estão me ouvindo, talvez grande parte dos meus eleitores, mas
esses são os fatos como eles são. E quando disse que o TSE tinha, em 2015,
urnas não auditáveis, eu disse com embasamento técnico e científico, com base
em perícias. E se hoje venho aqui dizer que esse voto é auditável e ele é
aferível, é porque tem a mesma resolução, essa de 2019, a respaldar o que eu estou
dizendo”, afirmou Sampaio.
Ao defender a proposta, a autora do texto, deputada Bia
Kicis (PSL-DF), argumentou que o sistema atual não permite ao eleitor verificar
se o voto foi corretamente computado pela urna.
“A verdade é que, quando imprimimos o voto, ainda que
seja impresso pelo mesmo software, o eleitor é capaz de ver com os próprios
olhos. E é nisto que ele acredita: nos seus olhos, e não num software que está
cercado pelo segredo da urna. Ninguém consegue enxergar dentro do software.
Então, o boletim de urna traz apenas o resultado final, a soma dos votos, mas
ele não permite ao eleitor enxergar o próprio voto. Por isso essa impressão é
tão importante e torna todo o sistema auditável”, afirmou a deputada.
Desfile
militar
O desfile com veículos blindados realizado na manhã de
hoje, na Esplanada dos Ministérios, causou controvérsia entre os parlamentares.
Para parte dos deputados e senadores, o ato foi uma tentativa do governo
federal de intimidar os congressistas no dia em que se discutiria uma pauta
defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.
Histórico
A proposta que previa o voto impresso foi derrubada em
comissão especial na sexta-feira (6), por 22 votos a 11. No entanto, por
considerar que os colegiados não são conclusivos, Arthur Lira (PP-AL) decidiu
colocar a proposta em votação pelo plenário. Na ocasião, o presidente da Casa,
argumentou a disputa em torno do tema “já tem ido longe demais”.
Ao recomendar a rejeição da proposta, o deputado Raul
Henry (MDB-PE) afirmou que havia risco potencial de fraudes com manipulações de
comprovantes em papel, empecilhos derivados do acoplamento de impressoras em
urnas eletrônicas e efeitos diversos sobre o processo eleitoral e os partidos.
“A população brasileira, depois de 25 anos da utilização
da urna eletrônica, reconhece e testemunha a conquista que ela representa”,
justificou Henry. “Diferentemente do período em que o voto era em papel, não há
nenhuma confirmação de uma única fraude nesse período”.
*Conteúdo
“Agência Brasil”