Policiais rendidos por homens encapuzados e sem armas em motim no Ceará são denunciados pelo MP
Dois oficiais e três praças da Polícia Militar do Ceará
(PMCE) foram denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) nessa
segunda-feira (16). Conforme a acusação, todos os agentes são lotados no
Batalhão de Polícia do Meio Ambiente (BPMA) e estiveram envolvidos
indiretamente no motim ocorrido no Estado em 2020, porque se deixaram render
por homens encapuzados que sequer estavam armados.
A Promotoria de Justiça Militar e Controle Externo da
Atividade Policial Militar acusa o tenente-coronel Fábio Lessandro Sena Lima e
o 2º tenente Antônio Alves Braga Júnior pelo crime de prevaricação, enquanto
que os soldados Felipe Martins da Silveira, José Sérgio da Silva Júnior e
Felipe da Conceição Alves são denunciados por omissão de lealdade militar e
crime de atentado contra a viatura.
Consta nos autos que no dia 19 de fevereiro do ano
passado, por volta de 1h, a base de Policiamento do Rio Maranguapinho, no
Bairro Bom Sucesso, foi atacada por homens encapuzados. O bando chegou ao local
vindo em motocicletas e, conforme o soldado José Sérgio, não estava armado,
"mas, na verdade, faziam com os dedos uma posição tática" imitando
estar em posse de armas.
Os praças se disseram surpreendidos pelos criminosos que
faziam gestos com as mãos e gritavam para que eles não reagissem. "Não
consta a razão pela qual os policiais militares só foram solicitar apoio de
rádio após terem entregue a viatura. Não consta por qual motivo os comandantes
militares deixaram de adotar as providências legais nas suas esferas de atribuição
de Polícia Judiciária Militar", de acordo com o MPCE.
A inanição dos denunciados, que se filiaram mentalmente à
revolta, impõe uma mancha na honra dos seus bravos camaradas, maioria na
Polícia Militar"
Promotoria de Justiça Militar e Controle Externo da Atividade
Policial Militar
A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos
cinco denunciados. Em um ano e meio desde o fim do motim, o órgão ministerial
acusou, pelo menos, 500 PMs por participar direta ou indiretamente do
movimento, e 400 já estão na condição de réu no Judiciário.
PAUSA
PARA O LANCHE
Na semana passada, o Diário do Nordeste noticiou outra
denúncia recente relacionada ao motim. Cinco PMs atuantes em Caucaia foram
acusados por crimes como prevaricação,
descumprimento de missão, atentado contra viatura e omissão de lealdade
militar. A composição teve a viatura tomada quando parou para lanchar em uma
padaria.
Nessa quinta-feira (12) uma Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) foi instalada pela Assembleia Legislativa do Ceará para apurar
um suposto financiamento de Associações de Policiais Militares ao motim
ocorrido em 2020. Os partidos com representação na Assembleia têm até 120 dias
para indicar membros a compor a CPI.
Fonte:
Diário do Nordeste