'Qual o problema de a energia ficar um pouco mais cara?', questiona Ministro da Economia
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Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo
O aumento na conta de luz tem pesado no orçamento das
famílias e é um dos fatores que pressionam a inflação, mas o ministro da
Economia, Paulo Guedes, não vê problemas para atravessar o atual momento.
Se no ano passado, que era o caos, nós nos organizamos e
atravessamos, por que nós vamos ter medo agora? Qual o problema agora que a
energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos? Ou o problema agora é
que está tendo uma exacerbação porque anteciparam as eleições... Tudo bem,
vamos tapar o ouvido, vamos atravessar.
"Isso vai causar perturbação, empurra a inflação um
pouco para cima, BC tem que correr um pouco mais atrás da inflação",
completou.
Guedes disse que a economia brasileira está "vindo
com toda a força" após a crise causada pela pandemia da covid-19, mas
admitiu que "há, sim, nuvens no horizonte". "Temos a crise
hídrica forte pela frente, mas a economia brasileira está furando as
ondas", reconheceu.
A crise hídrica levou o governo a anunciar nesta
quarta-feira, 25, medidas para redução do consumo de energia para toda a
administração pública federal. Decreto presidencial editado hoje determina a
redução do consumo de eletricidade desses órgãos entre 10% e 20% em relação ao
consumo do mês nos anos de 2018 e 2019, ou seja, antes do período pré-pandemia.
Além disso, o governo está pedindo que a sociedade e
indústrias façam um esforço pela economia de energia e evitem desperdícios.
Quem economizar terá conta menor a pagar e uma premiação pela redução do consumo.
Pressionada pelo aumento da conta de luz, a inflação
acumulada em 12 meses chegou à marca de dois dígitos em quatro capitais do País
no IPCA-15 de agosto: Porto Alegre (10,37%), Goiânia (10,67%), Fortaleza
(11,37%) e Curitiba (11,43%). Os dados foram divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 25.
Durante a solenidade, Guedes apresentou dados da economia
brasileira, destacando ganhos com as reformas feitas para controlar gastos.
"Logo no primeiro ano (de governo), mostramos que viemos para controlar as
despesas públicas", afirmou.
Segundo ele, o "abismo fiscal que ameaçava o Brasil
foi controlado", destacando a reforma da Previdência. E, apesar da
covid-19, a economia brasileira se abre de novo, "temos superávit
comercial e corrente de comércio recordes", acrescentou o ministro.
Arrecadação
forte
Guedes destacou também o bom desempenho da arrecadação de
impostos, e previu que "se a economia brasileira crescer 5,5% neste ano,
com a arrecadação vindo forte, é possível o País ter superávit em 2022".
Nesta quarta-feira, a Receita Federal divulgou os dados
da arrecadação de julho, quando o País arrecadou com impostos e contribuições
federais R$ 171,270 bilhões, um aumento real de 35,47% na comparação com o
mesmo mês de 2020.
"A economia está bombando e continua a narrativa de
que o governo não faz nada", afirmou o ministro. Ele criticou o que chamou
de visões negacionistas e agradeceu o empenho do Congresso na aprovação das
reformas e de medidas encaminhadas pelo governo. Guedes destacou ainda a
atuação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que, segundo ele, é uma
"liderança imprescindível".
Segundo Guedes, os críticos já transferiram o colapso
para 2022, ao perceberem que a economia voltou a crescer. "Mas vamos
continuar crescendo", disse.
Fonte: UOL